quarta-feira, 20 de outubro de 2010

A seringueira: utilização, extração e uso desse recurso de forma sustentável

RESUMO

A seringueira é uma árvore da família Euphorbiaceae (Hevea brasiliensis) e originária da bacia hidrográfica do Rio Amazonas. Produz o látex que é fundamental para o agronegócio brasileiro.
O cultivo da seringueira é uma atividade altamente sustentável e claramente vinculada ao conceito de desenvolvimento limpo. É considerada como uma alternativa viável para a diminuição dos atuais problemas sócio-econômicos e ambientais, tanto por fixar o homem a terra, através de um aumento do rendimento da propriedade e larga ocupação da mão de obra familiar e local, como também por ser uma cultura ajustada às áreas degradadas, promovendo a estabilização e recuperação das mesmas.
Neste contexto, o objetivo do trabalho é conhecer uma propriedade na comunidade escolar que possui o cultivo da seringueira bem como o seu manejo, a viabilidade econômica e sua importância no reflorestamento.

INTRODUÇÃO

A seringueira é uma planta de origem brasileira, seu nome científico é hevea brasiliensis, porém durante a colonização, os ingleses levaram suas sementes para suas colônias na Ásia, onde a planta se desenvolveu muito bem, e, por isso, atualmente os países asiáticos são responsáveis por mais de 70% da produção mundial de borracha.
Há aproximadamente 270 anos, a seringueira passou a ser conhecida pelo mundo civilizado por meio dos índios, mas para o mundo comercial não tinha valor, até que Charles Goodyear descobriu, acidentalmente, a vulcanização com enxofre, daí por diante borracha passou a ser utilizada comercialmente em muitos produtos que fazem parte da vida cotidiana.
A exploração da seringueira no Brasil está diretamente relacionada com a vida do homem profissional do extrativismo natural.
O cultivo da seringueira, além de alternativa econômica para as pequenas propriedades, se constitui também em importante espécie apta e adequada para o reflorestamento, definido por orientação técnica. É genuinamente brasileira, não exótica e de alta longevidade.

OBJETIVO GERAL

Conhecer uma propriedade na comunidade escolar que possui o cultivo da seringueira bem como o seu manejo, a viabilidade econômica e sua importância no reflorestamento.

OBJETIVOS ESPECÍFICOS

 Conhecer uma propriedade na comunidade escolar que possui o cultivo da seringueira.
 Identificar a origem, o período de produtividade e as pragas que prejudicam o cultivo.
 Analisar o mercado para produção (produção por árvore), o espaço entre mudas e quantidade de mudas por hectare.
 Conscientizar as pessoas que o cultivo da seringueira em uma pequena área é muito rentável, além de amenizar os problemas ambientais.

JUSTIFICATIVA

O enfoque pedagógico adotado para a realização deste trabalho é promover o conhecimento e incentivar a discussão entre os agricultores e proprietários de terra, sobre as vantagens do cultivo da seringueira e o consócio com outras culturas estimulando o trabalho voltado para a agricultura familiar, enfatizando os princípios de conservação e valorização do meio ambiente.
Esse conhecimento é formado com a interação de pesquisa com as pessoas, nesse ambiente o professor deve ser o provocador e estimulador de novas experiências levando o estudante a propor estratégias ou caminhos para buscar respostas e assim construir seu próprio conhecimento, expondo o resultado de suas experiências.

METODOLOGIA

Primeiramente apresentaremos aos alunos o tema e a temática, o objetivo do projeto e a importância do mesmo.
No segundo momento, levaremos os alunos até a propriedade do Sr. Domingos Fortes que trabalha com o seringal e explicará aos alunos como funciona o cultivo da seringueira.
Depois trabalharemos em sala de aula, em todas as áreas do conhecimento todos os conceitos relacionados a seringueira desde a origem até as vantagens de cultivá-la.
Após levaremos os alunos até o laboratório de informática para pesquisarem sobre a história da seringueira, os estudos e benefícios do uso do látex na biomedicina.
Por último os alunos vão realizar a confecção de cartazes demonstrando o conhecimento adquirido, para demonstração na III Mostra do Conhecimento Municipal.

DESENVOLVIMENTO

A seringueira, cujo nome científico é hevea brasiliensis, pertence à família das Euforbiaceas. As flores são unissexuais, pequenas, amarelas, e dispostas em inflorescências. É uma árvore de porte ereto, podendo atingir 30 metros de altura total sob condições favoráveis, iniciando aos 4 anos a produção de sementes, e aos 6-7 anos a produção de látex. O período de vida da seringueira é de 25 a 30 anos, quando acaba a produção de borracha podendo ser extraída então sua madeira. Seu tronco varia entre 30-40 cm de diâmetro. A casca é o principal componente do tronco, responsável pela produção do látex, transporte e armazenamento de assimilados produzidos na folha. Possuí folhas compostas trifoliadas, o fruto é uma cápsula grande, que geralmente apresenta três sementes. A semente possui 45% a 50% de óleo, cujas características são de cor amarela, viscoso, secativo e tem cheiro forte, podendo ser utilizado na fabricação de tintas e vernizes.
A qualidade do óleo de seringueira é considerada excelente devido a grande quantidade de ácidos graxos insaturados presentes na sua composição, promovendo a característica de um óleo semi-secante, ou seja, promove um selamento rápido da superfície tratada.
A seringueira é uma árvore originária da bacia hidrográfica do Rio Amazonas, onde existia em abundância e com exclusividade, características que geraram o extrativismo e o chamado ciclo da borracha, período da história brasileira de muita riqueza e pujança para a região amazônica.
A seringueira é atualmente a principal fonte de borracha natural no mundo. A borracha dessa árvore foi descoberta em meados do século XVIII. O Brasil tornou-se o maior produtor mundial da borracha natural e passou a abastecer o comércio internacional de 1879 a 1912. Isso trouxe riqueza e desenvolvimento para cidades como Manaus, Belém e Rio Branco.
Entretanto, a partir de 1912, as exportações brasileiras foram substituídas continuamente, até serem paralisadas no final dos anos 40. O fim do ciclo da borracha iniciou em 1876 quando Henry Wickham levou para Inglaterra 70 mil mudas de seringueira onde apresentaram notável desenvolvimento. Neste mesmo período 2.000 mudas foram levadas para a Malásia onde também conseguiram se desenvolver.
Os fatores que contribuíram para o sucesso da produção da borracha natural na Ásia foi o fato de a seringueira ser cultivada de forma comercial naqueles países, além de inexistência do fungo causador do mal-das-folhas, doença mais comum dos seringais, principalmente da Amazônia. No Brasil, isto ocorreu diferentemente, onde o sistema de produção era extrativista e o investimento em pesquisa agrícola não era tão grande quando comparado com o da Ásia.
O cultivo racional da seringueira apresenta-se como alternativa econômica para os pequenos e médios produtores rurais, em face de sua rentabilidade durante o ano inteiro (não tem safra), adaptação a várias condições de solo e relevo e alta demanda do mercado.
A borracha natural é matéria prima fundamental para o agronegócio brasileiro. Entretanto, a produção tem sofrido flutuações ao longo deste período, enquanto que o consumo interno tem crescido linearmente, atendendo apenas a 36% da demanda.
A indústria de pneu consome 75% de tudo que é extraído da seringueira. Um pneu de automóvel tem de 16% a 20% de borracha natural. Já para os aviões, a porcentagem chega à totalidade. A natural ganha da sintética em termos de durabilidade, flexibilidade e resistência ao impacto.
Há segmentos em que o látex da Hevea brasiliensis é tão preponderante, como em mais de 400 tipos de material e dispositivo médico. Além disso, o produto também serve para produzir o tecido vegetal, usado em roupa e calçado. Quando a árvore envelhece, depois de 40 anos, propicia madeira de boa qualidade.
Para um país como o Brasil, habitat natural da Hevea brasiliensis, que até o final da década de 50 era o maior fornecedor mundial de borracha e, atualmente, contribui com apenas 0,95% da produção global, importando mais de 70% de borracha natural para seu consumo interno, a solução para ocupar novamente uma posição de relevância, ou mesmo minimizar os volumes de importação do produto na busca da auto-suficiência, seria a expansão dos plantios racionais de seringueira, com produtividades elevadas e látex de boa qualidade.
Plantios de seringueiras poderão representar uma nova e interessante atividade agrícola, pois além de ser uma alternativa para a ocupação/recuperação de áreas abandonadas e/ou degradadas da Mata Atlântica, ainda poderá auferir ganhos econômicos e ambientais, uma vez que trata-se de uma cultura demandante de mão-de-obra familiar, ecológica e que poderá contribuir para a redução do efeito estufa.
Diversos gases são responsáveis pelo este efeito, no entanto, entre esses, o que tem causado maiores preocupações é o CO2, pois sua concentração vem crescendo à taxa de 0,4% ao ano. Várias medidas podem ser adotadas para a redução da emissão desse gás na atmosfera, destacando-se, entre elas, o reflorestamento, uma vez que, através da fotossíntese, os vegetais fixam o carbono da atmosfera transformando-o em biomassa vegetal.
Plantios de seringueira caracterizam-se por:
● Apresentar desenvolvimento satisfatório, quando implantada em áreas degradadas/abandonadas e de relevo fortemente ondulado, com manejo adequado;
● Permitir o plantio direto nas covas, sem revolvimento da área, evitando redução do estoque de carbono do solo;
● Permitir a manutenção da vegetação natural entre as linhas de plantio;
● Permitir o consórcio com culturas anuais e semi-perenes, reduzindo os custos de produção;
● Produzir, durante todo o ano, reduzindo a mão de obra sazonal, propiciando a geração de empregos e a fixação do homem ao campo;
● Promover o fortalecimento da agricultura familiar, uma vez que cada 5ha da cultura demanda o trabalho suficiente para o sustento de uma família de 4 pessoas, reduzindo o impacto do êxodo rural.
O sucesso de um empreendimento heveícola está na rigorosa observância do uso de tecnologias preconizadas para as diferentes fases de desenvolvimento, pois, desse modo, seringais poderão ser formados dentro de padrões modernos de exploração, tornando-os competitivos e rentáveis.
Entre as doenças que ocorrem na espécie, o mal-das-folhas é uma das mais conhecidas. É causada pelo fungo Microcylus ulei e é o principal fator limitante à expansão de heiveicultura no Brasil, principalmente na região Norte do país.
Formigas atacam a seringueira em sua fase inicial fazendo a capação do broto apical formando uma muda defeituosa e retarda o desenvolvimento das plantas, cortam a brotação da gema de enxerto.
Cupins causam maiores danos as plantações novas, principalmente logo após o plantio, pois cortam as raízes podendo causar a morte das plantas.
Mandarová: é considerada a principal praga da seringueira. Tem na cultura da mandioca um hospedeiro por excelência, daí a preocupação e o risco da implantação em seringais pela constante ameaça desta praga.
As lagartas extremamente vorazes atacando primeiro as folhas jovens e depois as mais velhas. Nos grandes surtos, destroem até os ramos mais finos. Quando o ataque não é grande deve-se fazer catação manual com esmagamento das lagartas. Uma indicação de infestação de mandarová no seringal é a presença de pássaros sobrevoando com insistência a plantação.
Viveiro de seringueira:
Espaçamento: 7 a 8 metros, entre linhas de plantio e de 2,5 a 3 metros entre as plantas na linha.
Mudas necessárias: ideal 500 plantas por hectare.
Plantio: covas nas dimensões 0,40 x 0,40 x 0,60 m com uso de cavadeira ou em sulcos.
Controle da erosão: plantar em nível mantendo o solo vegetado no período das chuvas.
Culturas intercalares: indicado até o terceiro ou quarto ano de formação; como feijão, soja, mamão, abacaxi, batata doce, banana, pimenta-do-reino, café, palmito e cacau.
Colheita: o látex é colhido o ano todo com sangrias a cada três, quatro ou sete dias.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Um programa de expansão de área plantada com seringueiras representaria um esforço expressivo em termos ambientais, uma vez que, além de contribuir para a produção de madeira, tem vida útil de trinta anos para a produção de látex, um atrativo extra do ponto de vista econômico.
Questões ambientais tendem a incentivar ainda mais a cultura da seringueira, uma vez que o seu cultivo contribui para a redução do efeito estufa e a borracha sintética é oriunda do petróleo, responsável pela emissão de carbono na atmosfera. A cultura, além do sequestro de carbono, evita a erosão, protege mananciais e contribui para o desenvolvimento da fauna e da flora.
Além disso, a seringueira pode ser considerada uma espécie florestal, uma vez que, ao final de seu ciclo produtivo, sua madeira pode ser utilizada para diversos fins, como para a fabricação de móveis, caixotes, utensílios de cozinha, construção civil e outros. Assim sendo, a espécie pode ser implantada em projetos de reflorestamento, de acordo com a lei de reposição florestal, inserida no Plano Nacional de Florestas.
Acreditamos que com esse projeto os alunos obtiveram um bom entendimento da cultura da seringueira, que trata-se de uma atividade altamente sustentável e claramente vinculada ao conceito de desenvolvimento limpo.
Neste contexto, a heveicultura pode ser considerada como uma alternativa viável para a diminuição dos atuais problemas sócio-econômicos e ambientais das comunidades tanto por fixar o homem a terra, através de um aumento de rendimento da propriedade e larga ocupação da mão de obra familiar e local, como também por ser uma cultura altamente ajustada às áreas degradadas, promovendo a estabilização e recuperação das mesmas.

Projeto Apresentado na III Mostra Municipal do Conhecimento, e será apresentado no mês de Novembro em Terra Nova do Norte - MT, com os alunos da 7ª Série.
Professoras: FLÁVIA SANDRA LAZZAROTTO, DAIANE WIEDENHOFT BALENSIEFER
KEITH DAIANE MAIA e REGIANE MARCOLAN.


Postado por Leticia Moreira (Técnica do Laboratório de Informática).

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