A
princesa que gostava de ler
Era
uma vez uma princesa
que vivia trancada em uma torre por ordem de seu pai. Ouviu no noticiário da
televisão que estava havendo no reino uma epidemia de uma doença, e que
o rei estava preocupado. Resolveu mandar um recado ao pai pela copeira:
—
Diga ao meu pai que eu sei de um jeito para essa doença.
Foi
bom, porque então o rei veio com a rainha visitar a princesa. Ele era mandão e
teimoso, mas gostava da filha e estava com muita saudade dela. Só não tirava
logo a princesa da torre porque não queria dar o braço a torcer. Mas aproveitou
o pretexto e veio logo. Chegou com um jeito todo importante:
—
Eu soube que você tem alguma coisa a me dizer sobre a doença que assola o
reino. O que é?
—
Mosquito! —
disse a menina.
O
rei ficou espantadíssimo.
Mas
a princesa desatou a falar. Contou que aquela febre era transmitida por um
mosquito, que as larvas do inseto nasciam na água, que era preciso fazer uma
campanha de saneamento e ensinar uma porção de coisas à população. Explicou
também que o reino precisava de obras para ter esgoto e água limpa em todas as
casas. E que as pessoas deviam se vacinar. E que havia um cientista famoso que
conhecia tudo daquela doença, podiam contratá-lo para ajudar.
—
De onde você tirou essa idéia, menina?
—
De muitos lugares. Umas coisas eu li nuns livros,
outras eu li em outros. E a notícia do trabalho do cientista é muito nova, eu
vi na internet. Ele trabalha numa universidade, e o senhor pode entrar
em contato com ele.
O
rei seguiu aqueles conselhos e deu tudo certo. Ele ficou tão contente que tirou
a princesa do castigo. Deixou que ela saísse da torre e ela passou a ir lá
quando queria, para brincar com os amigos ou ir à biblioteca.
MACHADO, Ana Maria. A princesa que escolhia.
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